quinta-feira, 25 de junho de 2009

A perfeição é imprecisa


As mulheres não gostam de ser vistas como gajas, a não ser na cama ou a caminho dela.

O problema delas talvez seja nunca quererem a verdade.
Para os mais exigentes, a celulite é atraente.
Os menos exigentes contentam-se com tudo, mesmo com um manequim ossudo, leve, desumanizado.
O bom gosto vive de pormenores reais, a pelezinha de laranja, o leve buçozito, um pelo ali e aqui, um tropeção num salto.
E qualquer mulher é gaja, boa ou não. Deixemo-nos de mitos.

A mulher real, bonita na sua imperfeição, dá-nos prazer estético.
A mulher irreal dá-nos apenas prazer ético.
O prazer ético de lhe cheirar o perfume e a mandar botar corpo.


Vem tudo isto a propósito daqueles momentos nas músicas das Azeitonettes que nos fazem vibrar, e falamos de novo desse dueto épico, histórico, entre a Nena e a priminha Babi Caius no "Já não te sinto em mim", e da forma como a Babi acaba,

num "niiinguééém" sumido, sumidinho, que vicia.
É humano, vibrante.

A perfeição é imprecisa.

Pedro Caius

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Os três loiras e a Diva


Na "Newsletter" dos Azeitonas de há dois dias, mais coisa menos coisa, que com muito sacrifício e por razões estritamente profissionais recebemos na nossa caixa postal:), vinha escrito o seguinte sacrilégio:

"*surgiu um blog de fãs da Azeitonette Nena, aqui: http://azeitonettes.blogspot.com/"

A nossa redacção tentou contactar o grupo através do endereço oficial, que a Nena garantidamente não lê ou controla, e onde os três loiras, AJ, Marlon e Salsa, recebem uma cópia dos "posts" deste blogue em primeira mão, mas -lo nos prolegómenos da noite de São João (o Gazela esteve fechado, e os três certamente descompensaram:), pelo que tal iniciativa estava necessariamente votada ao insucesso, e agora estão eles com as cabecinhas no Santiago Alquimista, que pisam dia 25, com o AJ a dar um saltinho ao "Ler Devagar" no dia 26.

Claro que aquela classificação redutora tem o dedinho de um dos três loiras, isso é mais do que certo, que nem com a postura notável na vida e na música que sou obrigado a reconhecer (a muito custo), nomeadamente procurando registos e caminhos alternativos rumo ao mainstream, metem naquelas cabecinhas loiras que o blogue "Azeitonettes" nasceu de uma afectada necessidade simbólica e estética, e não para estender passadeiras vermelhas a uma menina bonita (não obviamente bonita) cujo objectivo é, apenas e só, servir-nos de logótipo e ser símbolo das coisas simples e boas da vida (com o devido respeito, que é mesmo muito).

E se os três loiras não percebem porque é que escolhemos a Nena para símbolo e qual o escopo, aqui vai:

- em primeiro lugar, aqui no blogue, eu e o PG-M somos etéreo-sexuais; sendo tal coisa e gostando pouco de cabecinhas ocas e corpinhos baços, preferimos a luta de uma rapariga bonita (não obviamente bonita) que rigorosamente não quer saber de nós (e, mesmo que quisesse, nós é que não queríamos saber disso, porque estragava tudo;);
- em segundo lugar, ela para nós não é de carne e osso, razão primeira para nos devotarmos aqui de forma fundamentalista a uma espécie de profeta da nossa filosofia religiosa, que é tão só

ser boa pessoa.

Sem merdices.

Tal como vocês todos, os três loiras e a Diva.

Pedro Caius

terça-feira, 23 de junho de 2009

O melhor vídeo das nossas vidas

É já oficialmente o melhor vídeo das nossas vidas. Desde os efeitos especiais à colocação da câmara, os grandes planos dos vincos felizes sob os olhos da Nena, o sorriso comprido, quase infindo, a forma como o realizador ignora aquele gesto cénico dela, na altura do "Sem tirar o chapéu de cabói (como ela diz; "foi o que ela disse, ela disse que te mandasse um beijo, foi o que ela disse!" - Jaime, António Pedro Vasconcelos)", em que a Nena alça o bracinho com a mão em cunha sobre a cabeça, fingindo a presença do tal chapéu, a cumplicidade com o Salsa, aquele prolongamento exagerado do "Volta sempre para miiiiiiiiiiiiiiiiiim" que nos dá uma ideia da perfeição imperfeita. Nenhum vídeo da Beyoncé ou mesmo da Madonna ou mesmo do Michael Jackson ou mesmo do Toní da Carreira chega este nível. Fica aqui para sempre, sob o patrocínio da Maria Azeitola, que o colocou no iutúbe.

Pedro Caius

Antes que seja tarde, a Nena

Antes que seja tarde, e por ter estado a testemunhar o verdadeiro amor que a Ana, de Portalegre, dedicou ao grupo quase famoso que se deve endeusar antes do tempo (porque não?), no blogue Maria Azeitola, e porque o Miguel AJ me falou hoje dela (mesmo sem a nomear, nem eu conhecer o projecto, falou mesmo, esta não é brincadeira), parece-me que é hora, por respeito a todos os que têm esta filosofia de vida, passados ou futuros, dizer umas coisas sérias, as únicas que vão ler neste blogue, dure ele o tempo que durar.
Não se trata aqui de homenagear ninguém, mas apenas de partilhar no éter um clima comum que detectamos em quem se faz do nosso barro, tenha a idade que tiver. A Ana de Portalegre chamava-lhes apaixonadamente "os nossos meninos de coração grande", eu chamo-lhes os nossos compinchas tripeiros que levam o sotaque e a forma de ser deste povo do Norte para todo o lado, para que o Porto veja a sua transcendência inscrita nas estrelas acima dos balões de São João que amanhã mesmo voltarão aos céus. O seu código genético é de tal forma gritante que eu o detectei antes mesmo de saber que o passado deles foi riscado com Kalkitos do meu, ou seja, somos gajos do Porto, do Rui, dos Trabalhadores, do Coliseu, do Passos Manuel, da Rua da Alegria, da Formosa, dos Lóios. (Apetece calar-me e deixar aqui o link do Porto do PG-M, que já disse tudo por mim aqui:).

A Nena. A Nena não conheço, posso dizê-lo ainda hoje, e espero que por pouco tempo.
Mas a Nena está longe da vista. Perto do coração. É pura estética, mas também a suspeita do que dela todos me disseram sempre: uma doce e incomensurável pessoa, e além disso uma rapariga bonita mas não evidentemente bonita, que se presta ao simbolismo estético das mulheres que nos iluminam os passeios.

Estive a reparar hoje nalgumas poses dela, e parece-me evidente que supera largamente a banalidade de um corpo frívolo em cabeça leve, para ser o sal de um grupo superlativo de músicos que, por si só, não descolariam da imagem dos pândegos da Rua da Alegria.

A Nena faz deles outra coisa, e é nessa essência e nesse registo que continuaremos o apelo estético de escrever com humor rasgadinho este blogue ululante de cultura mainstream.
A Nena é a nossa Sílvia Alberto.

Vejo também nela os abismos mais açucarados da vida, ou seja, o tempo em que podia e devia ter partilhado do que é tão meu, tão idêntico, tão comum, as noites da Nena, da minha prima Babi e do Miguel no Pop, e afinal andava por outros campos de batalha, e perdi de vista coisas que podem ser quase tudo para nós. Andei tão perto, tão perto, e afinal tão longe.
Como todos em tantos momentos da sua vida.
Às vezes, lágrimas. Coisas de raiva, boa raiva.

Não mais.
Neste ano 40, tenho aprendido que não se poupam palavras, que não se lamenta a falta de tempo para nada, nem que se tenha de perder o sono (como eu neste momento), ou ritmos alucinantes, para dizer às pessoas de forma serena, sem ânsia, sem compulsões, e com aquele talhe trabalhado de frases sem demagogia ou lamechice ou banalidade,

que gostamos delas,
e quanto.

Pedro Caius

Pungente (ainda O javiões)

A Nena, efectivamente, já tinha pressionado a direcção deste blogue, que sendo dedicado à "musa necessária", se faz "necessariamente" em contraponto com os "musos" desnecessários (para não dizer "gajos") da Oliveira que gerou este grupo, mas era necessário encetar uma investigação no sentido de apurar se o Miguel AJ ou o Mendes efectivamente começavam a versão "Azeitona" de "Anda Comigo ver os Aviões" da seguinte forma:

- Anda comigo ver o javiões.

Repetimos: Javiões.

Compulsados o concerto do Mendes e o blogue do dito, entre outros registos sonoros do tempo do Estado Novo, nota-se que o impulso sanjoanense se reduz à versão do "Salão América".

A ideia era ridicularizar o dito, mas por esta altura já se perdeu o gás todo, porque a música está a passar no ouvido, e é demasiado boa, embora lamentavelmente sem nenas.

E quando o jovem diz "que eu morra aqui", despedaça.

O bendito!

Fica a para a próxima!

Pedro Caius

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Nena andou vendo os aviões

Já é mais ou menos conhecida a fixação do Mendes em comparar o estilo literário do seu "Reader's Digest" (que, a propósito, me apanhou o endereço de mail, e agora nunca mais vai largar...sssss!...) à também sua belíssima canção "Vien avec moi regarder les avions", ou, em português, usando o Google Tradutor, que está longe de ser tripeiro, "Venha comigo para ver os aviões" (qualquer pessoa normal diria "Anda comigo ver os aviões") - tenho de apressar este post, porque a mulher chamou para jantar (não haja enganos, eu também o faço de vez em quando, e não só de churrasco no quintal com avental e pose de macho latino) - , bom, adiante, ia dizendo, é conhecida a fixação do Mendes por essa comparação literária, mas a música dos aviões é do mais violentamente romântico que se tem feito, precisamente porque, e já outros o disseram noutros lados, o amor como merdice vende muito mas é estupidificante, mas o amor autêntico, o real, é baço, cruelmente vulgar, simples, rotineiro, mas dota as suas vítimas de felicidade.

Vai daí há que dizer que a "musa necessária" deste blogue andou vendo os aviões num dia que integrava o pico de Agosto, enquanto todos os outros estavam na praia, provavelmente com um dos seus primeiros namorados, de mão dada junto à rede de Pedras Rubras antes de ser um dos melhores aeroportos da Europa, e que o Porto de Leixões faz parte da matéria de qualquer tripeiro, tenha ou não sido arrastado para o Senhor de Matosinhos, principalmente desta geração, que tem filhos lindos a nascer no Pedro Hispano, nem que tenha sido pelos momentos breves em que aguardou na fila olhando o rendilhado de contentores e o movimento delicado da ponte móvel.

Qualquer fã obcecado dos Azeitonas sonha estar de mão dada com uma Azeitonette teórica (a Nena não, a Nena não!) num por do sol alaranjadó-salmão, em plena auto-estrada (em contravenção) vendo a saída de um cargueiro rumo à Galiza.

Por isso é que a Nena andou vendo os aviões, asseguro-vos, pelo menos entre o Inverno do ano em que Glenn Frey dos Eagles gravou a solo a "Sexy Girl" e o presente.

Por isso é que foi.

Pedro Caius

O Eu e o Tu: Letra escondida da canção escondida

É fundamental que haja rigor nas mais pequenas coisa. Assim, eu, Pedro Caius, e o PG-M, reunimos esforços no sentido de, no último ano, trabalhando duas horas por dia, em conjunto, todas as noites, transcrevermos a letra escondida da canção escondida do álbum "Um tanto ou quanto Atarantado", a conhecida melodia dos anais (salvo seja), "Já não te sinto em mim", cantada em dueto pela prima Babi e pela Nena, e que vai de minutos 4.30 a minutos 5.01, tendo a transcrição ficado assim (assegura-se êxtase absoluto, devido à linguagem críptico-erótica das meninas, baseada não no egocêntrico "Eu", mas no alter "Tu". Profundíssimo. Ora vejam):

Babi (B): Tu ru tu tu ru
Nena (N): Tu ru tu tu ruuuuuu
B: Tu ru tu tu ruuuuu
N: Tu ru tu tu ruuuuu
B: Tu ru tu tu iá
N: Tu ru tu téiá
B: Tu ru tu téiá
N: Tu ru tu téiá
B: Tu
N:Tu
B: Tiu
N: Tu
B: Tu tu tu ru tu téiá
N: ááááááááááááá´

Ligações pertinentes para este tema do "Tu" (tu ru tu tu):

Pedro Caius
PS: Eu juro que só faço isto quando há perigo de a normalidade chata me pôr louco:)

Nena hoje vista na minha rua

Nena foi avistada hoje por alguns populares flutuando, enquanto passava à minha rua.

Mandei logo desentranhar.
As ideias daquelas cabeças, digo.

Normalmente, tenho esse efeito sobre os populares.
Eu passo, e não flutuo nada, acreditem, tenho mesmo dificuldades especiais "derivado" ao meu peso e altura, e os populares que se perfilam à porta do café mandam as suas bocas, normalmente fazendo-me pagar por tudo o que vai mal no país (é normalmente a sina dos licenciados - os dótores - e a cruz dos advogados), mas como eu gosto que me interpelem, e gosto especialmente de contrariar a demagogia do tremoço e do amendoim, mesmo não sendo especialmente eloquente, consigo sempre que eles acabem a abanar a cabeça para cima e para baixo alternando "sim, sim" com "claro, claro".

Sempre é alguma coisa, porque normalmente exibem-se a todoa a extensão do seu bocado de rua, gritando aos passantes (venham a pé, de carro ou de motorizada), "F...-se nino, vai cum c...!" (ouço isto mais ou menos vinte vezes por dia, e esta frase é o equivalente ao mainstream "não me digas");

Quem me conhece sabe que verbero a perfídia da rua, tanto como a canalhice de gabinete.
Vai daí convenci-os de que não tinham visto ninguém.

Verdade seja dita, sei bem que o resultado disto é, apenas e só, a conclusão esotérica:

"Para mim, anda com a gaja."

Pobres populares:).

Pedro Caius

Temos coisas da Nena para a troca

Neste momento o nosso arquivo possui um abundante repositório de objectos relacionados com a Azeitonette Nena, a saber (inventário apenas dos principais, por favor contactem-nos para mais detalhes):

- gravillha que ela terá feito rolar à sua passagem pelo Café Astronauta, enquanto esperava que a não reconhecessem à entrada do concerto do Mendes,

- golfadas de ar que libertou depois de uma gargalhada transacta enquanto inspeccionava a montra da Papélia;

- a conta que ela e os amigos pagaram na Casa Nanda há três anos atrás, oferta que eu faço questão de cobrir;

- Transcrição da conversa que a priminha Babi e ela têm sob piano, no início do dueto anti-pimba "Já não te sinto em mim", que serve de contraponto ao "Sinto-te em mim", e que aproveitamos para oferecer à comunidade, e que reza assim (acho eu):

"Não penses que isto vai sair à primeira, sabes?"

Pedro Caius

domingo, 21 de junho de 2009

Mas afinal porquê um blogue sobre o elemento feminino d'"Os Azeitonas"?

Porque sim.

Existe uma cultura da irresponsabilidade no que toca a apoiar um grupo musical. As pessoas não são suficientemente obcecadas, e o grupo, ao fazer-se fruto proibido, nem sempre se torna desejado. Se houvesse suficientes obcecados pel'"Os Azeitonas", não era impossível que os homens gritassem.

Nós sabemos, neste blogue, que "Os Azeitonas" estão a passar uma excelente fase de descontrolo hormonal, como todos os pré-púberes, com acne a invadir-lhes a face.

E agora não posso mais, porque é tarde e estou cheio de sono, e esta vida são dois dias e uma noite.

Essa noite é-me devida.

Pedro Caius